segunda-feira, 19 de abril de 2010

INFLAMAÇÃO AGUDA

Doenças inflamatórias

É sabido, atualmente, que processos inflamatórios tomam parte de um enorme número de doenças, muitas das quais se desconheciam até recentemente quais os mecanismos causadores. Em outras, consideradas antes como degenerativas ou próprias do envelhecimento, a inflamação veio a se tornar a mais importante explicação.

Doenças auto-imunes

A inflamação é um dos principais componentes das doenças auto-imunes. Este grupo de doenças se caracteriza por uma resposta imunológica do organismo contra componentes próprios identificados como estranhos pelo sistema imune. Disto resulta uma agressão inflamatória que assume características clínicas diversas, de acordo com o tecido ou sistema afetado.
Dentre as mais conhecidas doenças deste grupo estão o lupus eritematoso sistêmico e a artrite reumatóide em adultos. Em crianças podem ser citadas a artrite reumatóide juvenil e a febre reumática entre as mais importantes e prevalentes.

Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica

O termo Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS ou SIRS em língua inglesa) foi proposto para descrever a reação inflamatória desencadeada pelo organismo frente a qualquer agressão seja ela de natureza infecciosa ou não-infecciosa. Caracteriza-se pela presença de ao menos dois dos seguintes critérios clínicos:
  1. Temperatura corporal > 38 °C (febre) ou <36 °C (hipotermia)
  2. Frequência respiratória > 20 incursões respiratórias/minuto (hiperpnéia ou taquipnéia) ou uma pressão parcial de CO2 no sangue arterial < 32mmHg.
  3. Frequência cardíaca > 90 batimentos cardíacos/minuto.
  4. Aumento ou redução significativos do número de células brancas (leucócitos) no sangue periférico (>12.000 ou <4.000 células/mm3)
É fácil concluir que a ocorrência de SIRS isoladamente não é em si mesma de extrema gravidade, pois surge eventualmente em condições clínicas benignas, como por exemplo em infecções localizadas ou após cirurgias. Entretanto, em unidades de terapia intensiva e entre pacientes cujos sistemas de defesa do organismo encontram-se comprometidos, a SIRS pode tornar-se de fato ameaçadora à vida especialmente quando vem associada a outros fatores de gravidade.
Quando associada a comprovação clínica ou laboratorial de infecção, tem-se a definição de sepse ou sepsis. Sepse associada a hipotensão arterial refratária é definida como choque séptico. Quando se verificam sinais de ao menos uma insuficiência orgânica concomitante, tem-se então a sepse severa.

Asma

A asma é hoje considerada uma doença inflamatória das vias aéreas. Geralmente relacionada a estados de hipersensibilidade, a asma leva a obstrução das vias aéreas ou brônquios por meio da produção de secreção excessiva, edema da parede brônquica e broncoconstricção.

Aterosclerose

Anteriormente considerada como doença degenerativa ou relacionada ao envelhecimento, a aterosclerose veio a se caracterizar nas últimas duas décadas, e a partir de pesquisas realizadas nos mais diversos campos da medicina básica e clínica, como sendo causada por um processo inflamatório das artérias (aterosclerose coronariana). Diversos fatores contribuem para sua gênese. Dentre eles estão o estresse mecânico ao endotélio vascular causado pela hipertensão arterial, o estresse oxidativo levando a geração de lipoproteínas oxidadas com elevado potencial aterogênico, um possível e ainda inexplicado estado inflamatório crônico e a participação de microorganismos como a Chlamydophila pneumoniae, bactéria encontrada diversas vezes no interior de placas de ateroma das artérias.

Tratamento

Existem drogas ou medicamentos capazes de interferir no processo reacional de defesa do organismo de modo a minimizar o dano (agressão por parte dos próprios tecidos frente ao agente agressor) e dar maior conforto ao paciente. Estes medicamentos são denominados antiinflamatórios, podendo estes ser de natureza hormonal ou não hormonal

Antiinflamatórios hormonais

Antiinflamatórios ditos hormonais (esteróides), também conhecidos como glicocorticoides, corticóides ou corticosteróides, são agentes inibidores da produção de prostaglandinas e leucotrienos pela ação inibitória sobre a enzima fosfolipase A2, por meio da liberação de lipocortina-1 (mediador protéico antiinflamatório). O resultado final da ação destes antiinflamatórios é a parcial ou total redução da liberação dos prostaglandinas e também dos leucotrienos. A lipocortina-1 atua por seqüestrar o substrato fosfolipídico e/ou inibir diretamente a enzima. Qualquer um desses mecanismos poderia contribuir para a redução na produção tanto do fator ativador de plaquetas quanto dos eicosanóides, observada na presença de corticóides. Os glicocortocóides reduzem a transcrição de várias proteínas inflamatórias, como algumas citocinas, óxido-nítrico sintetase induzida e ciclooxigenase 2. Tal efeito explica grande parte de suas ações farmacológicas.

Anti

inflamatórios não-hormonais

Antiinflamatórios não-hormonais promovem inibição da ciclooxigenase, outra enzima envolvida na produção de prostaglandinas. Não interferem com a geração de leucotrienos, mantendo parte do processo inflamatório inalterado e ativo. Seu principal uso é na redução dos sintomas da inflamação como a dor e o edema.

Referências

  • Richard A. Goldsby, Thomas J. Kindt, Barbara J. Osborne. Kuby Imunologia. 4.ed. Revinter, 2002. ISBN 85-7309-637-3
  • Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Nelson Fausto. Robbins e Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 7.ed. Elsevier, 2005. pp. 1504. ISBN 85-352-1391-0
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  • Joelson A. dos Santos
  • Acadêmico de Fisioterapia
  • Faculdade Leão Sampaio

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